sábado, 3 de março de 2012

'Guitarra está conectada à pélvis', diz Joan Jett, atração do Lollapalooza

Cantora americana toca no primeiro dia do festival paulistano, em 7 de abril.
Ao G1, ela fala de Foo Fighters, Miley Cyrus, Kristen Stewart e punk rock.

A cantora Joan Jett (Foto: Divulgação)A cantora Joan Jett (Foto: Divulgação)
Uma mera dezena de perguntas pode render mais quando está do outro lado uma entrevistada como Joan Jett, que vem pela primeira vez ao Brasil. A cantora americana se apresenta com sua banda Blackhearts no festival Lollapalooza, no dia 7 de abril, em São Paulo, com ingressos esgotados.
Em conversa por telefone com o G1, a roqueira de 53 anos deu algumas risadas e citou Dave Grohl (do Foo Fighters), Miley Cyrus e Kristen Stewart (de "Crepúsculo").
Ela falou que a paixão pelas feições e berros de Marc Bolan, vocal do T. Rex, a fez cantar. E recordou o fim do Runaways, grupo punk só de garotas que tocou entre 1976 e 1978. "Foi como se a minha vida tivesse acabado aos 19 anos", conta. Leia a entrevista:

G1 - Por que acredita que demorou tanto tempo para tocar no Brasil?
Joan Jett -
Sempre quis ir ao Brasil há muitos e muitos anos. Já me falaram que tenho fãs, mas somos de uma gravadora independente e fica difícil ir aí para baixo sem nenhum tipo de ajuda. Sem algum tipo de promoção, não teríamos chances de ir sozinhos.
Eu sinto que a guitarra sempre está conectada à pelvis. Então, não importa se você é homem ou mulher, é algo que você sente bem profundamente. Eu disse para a Kristen Stewart quando ela estava me interpretando em 'Runnaways': 'Kristen, b... na madeira, menina'. Rock n' roll gera uma resposta física, que vai além da emoção."
Joan Jett, cantora
G1 - Dave Grohl disse que gostaria de cantar 'Bad reputation' com você no Lollapalooza, porque o Foo Fighters toca no mesmo dia. Quais as chances?
Joan -
Se ele quiser fazer isso, então devo aceitar. Fizemos algo parecido em Nova York um dueto no Madison Square Garden, o Foo Fighters estava tocando e me chamou para cantar "Bad reputation". Fizemos também no Letterman [talk show americano]. Se eles quiserem de novo, vou ficar feliz. Vamos ver.
G1 - Na turnê americana, você sempre abriu com 'Bad reputation' e tocou 'I hate myself for loving you' antes do bis. Vai manter o mesmo setlist?
Joan - Como é a primeira vez no Brasil, vamos tocar uma seleção bem abrangente. Vamos tocar todos os hits, canções que os mais jovens podem até não conhecer, músicas novas ainda não gravadas... Essa é a forma de descobrir qual a resposta do público, antes de lançá-las. Se a plateia receber bem, colocamos no disco. Os hits são no começo, e depois umas músicas novas.
G1 - Muitas cantoras pop dizem que amam o seu trabalho, como Avril Lavigne e Miley Cyrus. Você nota alguma influência da sua música no trabalho delas?
Joan - É um grande elogio quando outro artista diz isso, não importa o tipo de música que ele cante. Pode ser pop, country, rock... É uma honra saber que Miley Cyrus está usando minhas músicas em seus shows. Tivemos a chance de nos encontrar, trabalhar juntas e sei que ela é uma garota ótima. É bom quando gostam de você.
Joan Jett toca no LA Pride Festival em junho de 2007 em West Hollywood, na Califórnia (Foto: Amanda Edwards/Getty Images/AFP)Joan Jett toca no LA Pride Festival em junho de 2007 em West Hollywood, na Califórnia. O repertório tem músicas como 'Bad reputation' e 'I hate myself for loving you' (Foto: Amanda Edwards/Getty Images/AFP)
G1 - Ke$ha, outra fã declarada, disse que tocar guitarra é 'como ter um pau'.
Joan - [Risos] Eu nunca tive um pau, então eu meio que não sei, né? Mas, para mim, eu sinto que a guitarra sempre está conectada à pélvis. Então, não importa se você é homem ou mulher, é algo que você sente bem profundamente. Eu disse para a Kristen Stewart quando ela estava me interpretando em "Runnaways" [filme de 2010], eu ficava gritando: "Kristen, b... na madeira, menina". Rock n' roll gera uma resposta física, que vai além da emoção. O rock bem feito faz você querer se mover, não tem como controlar.
Foi como se a minha vida tivesse acabado aos 19 anos. Todo mundo ficava rindo, falavam 'nós te dissemos que garotas não podem tocar rock n' roll'. Por sorte, eu encontrei o Kenny Laguna, que se tornou meu produtor, amigo e empresário. Você só precisa de alguém que acredite em você"
Joan Jett, cantora
G1 - Ainda sobre o filme 'The Runaways': você disse que a Kristen foi incrível. Sei qu você era produtora e acompanhou tudo de perto. Por que acha que ela foi tão bem?
Joan -  Ela teve muita seriedade. Quando a conheci, tinha acabado o segundo "Crepúsculo" e estava começando o terceiro. Tinha só duas semanas para se preparar. Ficamos juntas, lendo o roteiro, contei histórias da estrada. Eu a respeito como atriz. Ela é compenetrada, me estudou e se transformou em mim. Andava como eu, cantava como eu, parecia comigo. Capturou minha essência. Isso foi impressionante. Ela foi capaz de me imitar tão bem que pensei que era eu cantando.
G1 - Quando o Runaways acabou, pensou mesmo em desistir da música?
Joan - Eu pensei nisso. Não sabia o que fazer. Eu estava tão triste, cheia de medo. Foi como se a minha vida tivesse acabado aos 19 anos. Todo mundo ficava rindo, falavam "nós te dissemos que garotas não podem tocar rock n' roll". Por sorte, eu encontrei o Kenny Laguna, que se tornou meu produtor, amigo e empresário. Estamos juntos desde então. Você só precisa de alguém que acredite em você.
Kristen Stewart (esq.) e Joan Jett na pré-estreia de 'The Runaways' no festival americano de Sundance, em janeiro de 2010, em Park City (Foto: Jemal Countess/Getty Images/AFP )Kristen Stewart (esq.) e Joan Jett na pré-estreia de 'The Runaways' no festival americano de Sundance, em janeiro de 2010, em Park City (Foto: Jemal Countess/Getty Images/AFP )
G1 - Você já disse que aprendeu a gritar tentando imitar a voz do Marc Bolan, porque escutava muito T. Rex. O que a voz dele tem de tão diferente que te fez querer imitá-la?
Joan - Às vezes, depende mais das circunstâncias. Eu estava ouvindo à rádio, e "Bang a gong" era um grande hit. Eu aprendi a tocar guitarra ouvindo T. Rex, comprei o disco. E eu era apaixonada pelo Marc Bolan, o cara era muito bonitão. Eu adorava o jeito de ele cantar. Eu cantava junto e imitava os sons. Quando eu passei a escrever minhas músicas, eu queria gritar, então gritava como ele. Ele me ensinou.
Você pode ser punk hoje. Tem mais a ver com  atitude. Não é só dizer 'f...-se'. Tem que viver a vida sem mudar pelos outros"
Joan Jett
G1 - Ainda é possível ser punk hoje?
Depende do que as pessoas consideram ser punk. Eu sempre pensei que ser punk é fazer o que você quer. Ter seu caminho, pensar as coisas por você mesmo. Você pode ser punk hoje. Tem mais a ver com atitude. Não basta chegar lá e dizer "f...-se". Você tem que viver a sua vida, sem mudar o seu jeito só pelos outros.
G1 - Você sempre diz que nunca procurou seu nome no Google. Por que não?
[Risos] Posso ler 100 textos falando bem e só um falando mal. É justamente esse que vai chamar a atenção. É da natureza humana. Todo mundo pode dizer que "você está ótima", mas se só uma pessoa diz "você está terrível", é disso que você vai lembrar. Eu prefiro não olhar essas coisas, sabe? O que elas vão fazer por mim?

Fonte: Site Rede Globo- Noticias, G1- Pop & Arte- Entrevista

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