O consumidor que chegar a partir desta terça-feira (22) a uma
concessionária já pode exigir o novo preço do veículo, com o desconto do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). De acordo com a
Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave),
entidade que representa os concessionários, a medida do governo é
imediata e todos os carros em estoque serão refaturados pelas
montadoras.
No entanto, como o processo de refazer a tabela de preços demanda certo
tempo, o consumidor que visitar nesta terça-feira uma loja pode
conseguir fechar a compra apenas amanhã, quando a nova fatura for
liberada. “Essa demora de um dia é só por causa da definição final dos
preços, mas o consumidor pode negociar normalmente na loja”, afirma o
gerente de vendas da Chevrolet Itororó Ipiranga, G. Dutra.
Assim, um Volkswagen Gol G4 1.0 duas portas, por exemplo, que custava
R$ 26.960, com o novo IPI sai ao preço de R$ 25.072. A economia será de
R$ 2.696. No entanto, cada montadora ou concessionária pode adotar uma
ação mais agressiva de preços e dar um desconto ainda maior. Por isso, o
consumidor deve ficar atento ao fechar o negócio com o faturamento do
veículo, que é finalizado com a emissão da nota fiscal.
A demora para adequação das faturas também é apontada pela secretária
de vendas da Fiat Amazonas Interlagos, Keila Alves Garcia. “O consumidor
consegue fechar o negócio hoje com os novos preços, mas a compra só
será liberada amanhã”, ressalta.
Cautela na compraEmbora os desconto do IPI passe a
valer a partir desta terça-feira, o consultor financeiro Alexandre
Lignos recomenda que o interessado em comprar um carro espere alguns
dias, para o mercado "acalmar" e, assim, o cliente não perder bons
descontos. Segundo ele, a maior meta do governo hoje não é controlar a
inflação, mas sim fazer o comércio não parar. Por isso, as medidas não
vão mudar "de uma hora para outra".
Não precisa correr para a concessionária hoje. Com a euforia, todo mundo vai para as lojas e aí acaba perdendo bons descontos"
Alexandre Lignos, consultor financeiro
"Não precisa correr para a concessionária hoje. Com a euforia, todo
mundo vai para as lojas e aí acaba perdendo bons descontos", destaca
Lignos. Ele também dá dicas importantes para quem quer aproveitar o
desconto de uma forma melhor: "Se o carro que a pessoa quer tem muita
saída, pode comprar agora, mas cuidado com os carros que acabaram de ser
lançados. Como brasileiro adora novidade, a demanda sobe e, assim, o
preço. Por causa disso, mesmo com o desconto do IPI, as montadoras
mantêm os valores altos pelo lucro que colocam em cima", alerta.
Sobre o crédito, embora as medidas do governo aumentem as facilidades,
Lignos alerta para o desconto do IPI não ser perdido no preço do
financiamento. "A ansiedade é um grande inimigo."
Mudanças anunciadas
O decreto que reduz o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para a compra de carros
foi publicado nesta terça-feira (22) no "Diário Oficial da União". A
medida faz parte do pacote anunciado na segunda-feira (21) pelo governo
para estimular o consumo e facilitar o crédito no país.
Também foi publicado nesta terça o decreto que trata da diminuição do
Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para todas as operações de
crédito de pessoas físicas de 2,5% para 1,5% ao ano.
Pelas novas regras, o IPI para a aquisição de automóveis, as empresas
que estão instaladas no Brasil terão seu IPI para carros de até mil
cilindradas (1.0) será reduzido de 7% para zero até o fim de agosto
deste ano. Para carros importados de fora do Mercosul e México, a
alíquota cairá de 37% para 30%.
Para veículos de mil cilindradas (1.0) a duas mil cilindradas (2.0), a
alíquota para carros a álcool e "flex" (álcool e gasolina), para
empresas instaladas no Brasil, será reduzida de 11% para 5,5%. Para os
carros importados, a alíquota será reduzida de 41% para 35,5%. Já para
carros a gasolina de mil a duas mil cilindradas, o IPI cairá de 13% para
6,5% para carros produzidos no Brasil e de 43% para 36,5% para veículos
de fora do Mercosul e México. No caso dos utilitários, a alíquota será
reduzida de 4% para 1% (empresas instaladas no país) e, para carros
importados, cairá de 34% para 31%. Confira tabela abaixo.
Já os carros nacionais e importados acima de duas mil cilindradas não
tiveram desconto do IPI, que continua 25% e 55%, respectivamente.
Além da redução de IPI, as montadoras se comprometeram a dar descontos
sobre as tabelas em vigor. Segundo o governo, os desconto serão de 2,5%
para carros de até mil cilindradas, de 1,5% para automóveis de mil a
duas mil cilindradas e de 1% para utilitários e comerciais. O objetivo
de todas estas medidas é de reduzir o custo dos carros em
aproximadamente 10% nas revendedoras.
Fenabrave não acredita em euforia
O presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti, acredita que as mudanças vão ajudar o setor a recuperar o quadrimestre “perdido”,
no entanto, descarta uma possível euforia do mercado, a exemplo do que
aconteceu em 2008 e em 2009, quando o governo reduziu o IPI dos carros
para sanar a economia brasileira da crise financeira internacional.
“Não acredito em euforia porque o mercado brasileiro está mais maduro”, disse ao
G1, nesta segunda-feira, Meneghetti, ao ser questionado sobre a possibilidade de um movimento de antecipação de vendas.
Fonte: Site Rede Globo - Noticias