sexta-feira, 2 de março de 2012

Longe de tudo, arquipélago está ligado ao mundo graças à tecnologia

Antenas levam telefonia e internet às ilhas de São Pedro e São Paulo.
Energia limpa abastece o local, sem impacto à biodiversidade.

Eduardo Carvalho Do Globo Natureza, no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (o repórter viajou a convite da Marinha do Brasil)

O arquipélago de São Pedro e São Paulo só não está totalmente isolado do mundo graças à tecnologia. Pesquisadores e militares que seguem constantemente para a Estação Científica, instalada no conjunto de ilhas a 1.010 km de distância da costa brasileira, conseguem se comunicar com o continente por telefone e pela internet, devido a duas grandes antenas da Embratel instaladas ali, que já se tornaram parte da paisagem e se perdem nos rochedos.
Localização do arquipélago de São Pedro e São Paulo (Foto: arte/G1)
As aves que vivem em São Pedro e São Paulo já adotaram os equipamentos como habitat, que servem inclusive como local para reprodução.
Um flagrante inusitado feito pela reportagem do G1 foi a presença de aves, como uma fêmea de andorinha-do-mar-preta, espécie também conhecida como viuvinha, chocando calmamente um ovo em um ninho montado atrás da antena de transmissão de dados. Durante a expedição, da qual o G1 participa, um técnico enviado pela empresa é responsável pela manutenção dos equipamentos, com o objetivo de melhorar seu funcionamento.
Viuvinha ('Anous stolidus') montou seu ninho próximo à antena da Embratel, no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)Viuvinha ('Anous stolidus') montou seu ninho próximo à antena da Embratel, no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)
Mas nem sempre foi assim. Até 2004, a comunicação feita a partir da estação era por rádio. Os telefones só começaram a partir deste período. A internet veio mais tarde, em 2008, o que facilitou a pesquisa.
“Eu diria que foi um marco, um avanço grande. Com a internet, é possível ao pesquisador online dividir com seu coordenador no continente as experiências. Isso facilitou muito o escoamento de informações científicas daqui”, disse o capitão-de-corveta Marco Antonio Carvalho de Souza, gerente do Proarquipelago.
Atobás em antena da Embratel (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)Atobás em antena da Embratel (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)
Sem impactos
A preocupação em utilizar os recursos das ilhas sem impactar o ambiente é uma das prioridades do programa de pesquisas de São Pedro e São Paulo.
Tanto que a eletricidade só chega à casa onde ficam os cientistas devido a 12 placas solares instaladas no telhado do imóvel, que geram energia suficiente para suprir a demanda do laboratório, computadores, itens básicos domésticos como geladeira e também para carregar 20 baterias, responsáveis por abastecer a moradia no período noturno.
Esta energia também é utilizada na operação do aparelho dessalinizador, de vital importância para aqueles que permanecem na ilha por semanas, já que retira o sal da água do mar, utilizada inclusive para o consumo humano.
“A capacidade do aparelho é de dessalinizar 50 litros de água por hora, mas não o deixamos funcionando nessa capacidade máxima. Em média, são liberados para a estação científica 150 litros de água potável por dia [o equivalente a três horas de operação], o que atende a demanda dos pesquisadores”, afirmou Carvalho.
Estação científica funciona a base de energia solar. Na foto, placas instaladas no teto da casa-laboratório (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)Estação científica funciona a base de energia solar. Na foto, placas instaladas no teto da casa-laboratório (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)
Energia limpa, mas perigosa
Estudo elaborado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), ligado à Eletrobras, definiu que a estação científica poderia ser abastecida por luz elétrica com a utilização de painéis fotovoltaicos e turbinas movidas pelos ventos (eólica), tecnologia conhecida como geração de energia híbrida.
Entretanto, segundo Carvalho, apesar do alto potencial, as torres poderiam causar danos às aves. “Os pássaros poderiam colidir com as turbinas e seria um desconforto às espécies daqui”, ponderou.
Quanto ao lixo gerado na base, tudo é transportado por embarcações de volta ao continente. Por isso, dentro da estação a reciclagem é fundamental para que este procedimento funcione. O esgoto, é lançado in natura no mar, mas, segundo o gerente do Proarquipelago, como é o impacto de apenas quatro pessoas “não há dano ambiental”. Ele afirma ainda que este lançamento é monitorado por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo.

Fonte: Site Rede Globo- Noticias, G1- Ciência & Saúde

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